RELAÇÕES ENTRE PORTUGAL E A PÉRSIA NO SÉCULO XVII

No ultimo ano do governo do XXXI Vice-Rei da India, D. Luis de Mendoça Furtado e Albuquerque, I Conde de Lavradio, na sua família, VIII Senhor do Morgado da Bacalhôa (Albuquerque), procurou-se uma reaproximação à Pérsia, situação referida no livro  de minha autoria, intitulado "História e Genealogia dos Mendoça Furtado, Alcaides-Mores de Mourão (1476-1674)", Lisboa  2001, na página 160, que a seguir transcrevemos.
 
"A permanente situação de conflito com os omanitas, proporcionou, no entanto, o reatamento de relações com a Pérsia, cujos Sh'ias não viam com bons olhos o crescente poder dos imãs de Omã. Note-se que os persas, no início do século XVII, haviam-se aliado aos ingleses para nos expulsar dos seus domínios e, de facto, conseguiram tirar-nos a ilha de Barém (1612), o Forte de Comorão (1615) e a ilha de Queixoame (1622). A instalação de uma feitoria portuguesa em Bandar Kung (Congo) veio, no entanto, permitir a manutenção da nossa presença na Pérsia e assegurar o comércio, ao longo do golfo de Basrá. 
O Regente, em Março de 1676, reportando-se a cartas do ano anterior, enviadas pelo feitor do Congo, Gaspar de Sousa de Lacerda, pede a Luis de Mendoça que faça o possível por manter as melhores relações com o Rei da Pérsia, dando satisfação ao seu desejo de ter no seu reino um embaixador português, à semelhança de outras nações estrangeiras. Sugere o Regente que se envie àquele Rei um emissário competente com um presente codigno. Em resposta, Luis de Mendoça esclarece que o Rei da Pérsia se considera o unico monarca do Oriente, pelo que uma embaixada e um presente têm de ser muito especiais e dispendiosos, pois de outra forma significariam desprezo. Ora o Estado da Índia não podia arcar com tais despesas, pelo que  se havia limitado, até então, a mandar a Armada do Estreito passar por Congo, sempre que tal fosse necessário para assegurar a defesa das nossas praças, constantemente ameaçadas pelo Mogor, pelo Idalcão e pelos maratas.
 
Luis Bivar de Azevedo 

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