UMA GRANDE FIGURA
QUINHENTISTA
D. GONÇALO
VAZ DE CASTELO BRANCO
I SENHOR DE
VILA NOVA DE PORTIMÃO
Filho secundogénito de Lopo Vaz de Castelo Branco,
Monteiro-Mor do Reino, Alcaide-Mor de Moura, combatente na conquista de Ceuta
(1415), e de sua mulher D. Catarina de Abreu , herdeira da Casa e dignidade do
cargo de Almirante de Portugal (filha de Micer Antão Pessanha e de sua mulher
D. Maria de Abreu).
D. Gonçalo Vaz de Castelo Branco, que teve honras
e assentamento de Conde, com bandeira quadrada, foi Senhor da Honra do Sobrado
e dos Direitos Reais da Terra de Paiva, tendo sido ainda agraciado, por D.
Afonso V, com o senhorio donatário de Vila Nova de Portimão, com toda a
jurisdição cível e crime e os direitos Reais das Judiarias. Teve esta ultima
mercê, depois da batalha de Toro, em que comandou 120 homens a cavalo armados à
sua custa, tendo sido o primeiro português a romper combate. Acompanhou D.
Afonso V em todas as expedições africanas. Desempenhou os cargos de Escrivão da
Puridade, Vedor-Mor das Obras do Paço de D. Afonso V, Almotacé-Mor do Reino,
membro do Conselho de Estado, com os privilégios de Desembargador, Vedor-Mor da
Fazenda e o primeiro Governador da Casa do Cível. Grande amigo e confidente do
Rei D. Afonso V, foi por este nomeado seu testamenteiro.
Casou com D. Brites Valente, filha herdeira de
Martim Afonso Valente, Senhor do Morgado da Póvoa, e de sua mulher D. Violante
Pereira. Tiveram, entre outros, como sucessor:
D. Martinho de Castelo Branco, foi Senhor de toda
a Casa de seu pai, VI administrador do Morgado da Póvoa, I Conde de Vila Nova
de Portimão, por Carta de 28.5.1504, Governador da Casa do Cível, Meirinho-Mor
do Reino, Vedor-Mor da Fazenda dos Reis D. Afonso V, D. João II e D. Manuel, do
Conselho de Estado destes soberanos, e também de D. João III, de quem foi
Camareiro-Mor. Em 1521, foi Capitão General e Almirante da Armada que levou a
Saboia a Infanta D. Brites para casar com o Duque Carlos III, evento que
descreveu numa carta que viria a ser publicada, em 1588, no Livro de Linhagens
da Família Castelo Branco. D. João II e D. Manuel escolheram-no para seu
testamenteiro.
Culto e fisicamente desembaraçado, algumas das
suas poesias estão incluídas no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende e foi
reconhecido perito na arte equestre e jogo das canas.
Cristovão Alão de Morais, na sua “Pedatura
Lusitana”, reproduzindo o que na época se dizia do Conde, escreveu “...sendo
setemezinho teve sempre gloriosos sucessos...” e que concorriam nele três
vantagens sobre todos, “fermosa molher, fermosos filhos e fermosos officios”.
A título de curiosidade, refere-se que, por Carta
do “inquisitorial” D. João III, dada em Almeirim em 6 de Maio de 1516
(Chancelaria de D. João III, liv. 47º, fl. 113), foi feita mercê ao I Conde de
Vila Nova de Portimão, de manter, em exclusivo o prostíbulo daquela vila e de
usufruir dos respectivos rendimentos, por “na dita villa he necesarya huua
mancebia”.
Casou com D. Mecia de Noronha, filha de João
Gonçalves da Câmara, II Capitão Donatário do Funchal (filho do Descobridor da
Madeira, João Gonçalves Zarco) e de sua mulher D. Maria de Noronha. Deste
casamento nasceram 12 filhos, com geração na principal nobreza de Portugal,
nomeadamente, nos seus actuais representantes, os Marqueses de Abrantes.
Destacamos, porém, uma filha, D. Brites, pela ligação que alguns dos seus
descendentes voltariam a ter com o Algarve.
D. Brites de Noronha casou com Afonso Pires
Pantoja, Comendador de Santiago do Cacém e de Tavira, na Ordem de Santiago,
filho de Pedro Pantoja, Comendador de Zalamea, na Ordem de Alcântara,
partidário castelhano do Rei D. Afonso V, ao qual entregou o castelo e a vila
de Ouguela, na raia, e de sua mulher, Doña Catarina de Caños, de Cáceres.
Tiveram primogénito:
Pedro Pantoja, Alcaide-Mor e Comendador de
Santiago do Cacém, Comendador de Tavira, na Ordem de Santiago. Casou com D.
Margarida de Sousa, filha de Jorge Furtado de Mendoça, Comendador das Entradas
e Represas, na Ordem de Santiago, e de sua mulher D. Maria de Sousa
(descendente de D. Afonso III). Tiveram :
D. Brites Pantoja de Noronha, herdeira da Casa de
seus pais, casou com D. Pedro de Abranches, Comendador de Anciães, na Ordem de
Cristo, Fidalgo da Casa de D. João III e seu Mestre-Sala, Embaixador a Carlos
V, Alcaide-Mor de Santiago do Cacém, pelo seu casamento, filho de D. Alvaro de
Abranches, Senhor do Morgado dos Almada, Mestre-Sala de D. Manuel I, Capitão de
Tânger e de Azamor, e de sua mulher D. Joana Cunha. Tiveram, entre outros:
D. Joana de Noronha, casou com Francisco de
Mendoça Furtado, IV Alcaide e Senhor Donatário de Mourão, Capitão General e
Governador de Mazagão, combatente e cativo em Alcácer-Quibir, filho de Diogo de
Mendoça Furtado, III Alcaide-Mor de Mourão, Capitão de Chaul e de sua mulher e
prima D. Maior Manuel, filha de sua tia paterna, D. Isabel de Mendoça casada
com D. Juan Manuel de Villena, III Senhor de Cheles, descendente directo do
Infante D. Manuel, filho de Fernando III, O Santo, Rei de Castela e Leão e de
sua mulher a Princesa da Suábia, Isabel de Hohenstauffen. Tiveram:
Pedro de Mendoça Furtado, V Alcaide-Mor de
Mourão, Alcaide-Mor e Comendador de
Santiago do Cacem, na Ordem de Santiago, Comendador de Vila Franca, na Ordem de
Cristo, Senhor do Morgado dos Pantoja, Guarda-Mor de D. João IV, figura principal da Restauração de 1640,
Lugar-Tenente do Príncipe D. Afonso (futuro D. Afonso VI) no governo da Ordem
de Santiago. Casou 1º com D. Catarina de Menezes, filha herdeira de D. João
Telo de Menezes, Comendador de Santa Maria de Ancêde, na Ordem de Cristo, e de
sua mulher D. Catarina de Menezes Corte Real, com geração nos Viscondes de Vila
Nova de Souto d’ El-Rei, nos Condes de Tavarede e nos Marqueses de Pombal, etc.
Casou 2º com D. Antónia de Mendoça e Albuquerque, filha de D. Jerónimo Manoel,
o Bacalhau, Comendador de São Mamede de Traviscoso e de São Martinho da
Amoreira, na Ordem de Cristo, Porteiro-Mor de Filipe I, Capitão-Mor da Armada
da India e de sua mulher D. Maria de
Mendoça e Albuquerque, IV Senhora do Morgado dos Albuquerque, em Azeitão, por
sua causa chamado da “Bacalhôa”, com geração nos Bivar Weinholtz, do Algarve
(varonia), nos Condes de Mesquitela, nos Marqueses de Sabugosa, etc.
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